
São Luís é oficialmente a capital brasileira das festas juninas e do reggae. É o que revela a pesquisa Cultura nas Capitais, o maior levantamento já realizado sobre hábitos culturais nas capitais brasileiras. O estudo mostra que 38% dos moradores da capital maranhense participam de festas juninas — dez pontos percentuais acima da média nacional. Para 53% dos entrevistados, esse tipo de celebração é o principal evento cultural da cidade.
O reggae, marca registrada da identidade musical ludovicense, é ouvido por 22% da população — mais que o triplo da média das capitais (5%).
“A pesquisa deixa clara a força da cultura popular de São Luís. É a capital onde mais moradores vão a festas populares, principalmente às festas juninas — embora o acesso a essas atividades tenha caído um tanto desde nossa pesquisa anterior, em 2017“, afirma João Leiva, diretor da JLeiva Cultura & Esporte.
Coração cultural no Centro Histórico
O Centro Histórico de São Luís também aparece como destaque nacional. Citado por 21% dos moradores como o espaço cultural mais frequentado, o índice é dez vezes maior do que a média das demais capitais brasileiras (2%). Outro dado curioso é a valorização da culinária local: 24% dos entrevistados citaram o arroz de cuxá como uma receita típica da cidade — oito vezes acima da média nacional (3%).
Lazer em família nos museus
Os museus e exposições culturais também aparecem na rotina dos ludovicenses. Ainda que 29% dos entrevistados não soubessem citar o último local visitado, foram mencionados 26 espaços diferentes. O Teatro Arthur Azevedo (12%) e o Museu Histórico e Artístico do Maranhão (11%) lideram as citações.
A maioria das visitas foi gratuita (64%) e feita em família com crianças (30%), com motivações como lazer (23%) e interesse em aprender (21%). São Luís tem, inclusive, a maior taxa entre as capitais quando o motivo da visita ao museu foi “levar os filhos”.
Baixo acesso, mas alto interesse
Apesar da força das festas e da música popular, a cidade apresenta índices abaixo da média em acesso ao teatro (14%), dança (19%) e videogames (37%).
Mesmo assim, a pesquisa identificou alto interesse em participar dessas atividades:
• 28% dos que não foram a museus demonstraram vontade de ir;
• 27% demonstraram interesse em ir ao teatro;
• 22% gostariam de assistir a espetáculos de dança;
• 21% querem ir a shows musicais.
Cultura distante do bairro
Outro ponto destacado pela pesquisa é a distância da cultura em relação ao cotidiano: para 56% dos moradores de São Luís, as atividades culturais acontecem longe de seus bairros. Apenas 15% disseram ter acesso a eventos dentro da própria comunidade.
Participação cultural ainda é limitada
O levantamento também aponta que 44% dos moradores nunca praticaram atividades culturais, nem de forma amadora. A taxa é uma das mais altas do Brasil. Além disso, apenas 14% declararam já ter doado dinheiro ou tempo a projetos culturais.
Comparativo com 2017 mostra queda
Essa foi a segunda edição da pesquisa em São Luís — a primeira foi em 2017. E, como ocorreu em outras capitais, a frequência em atividades culturais caiu. Houve retração no acesso a bibliotecas, dança e festas populares. A única exceção foi o aumento de participação em concertos de música clássica.
“O desempenho de São Luís fica acima da média em circo, que é outra atividade popular. E os ritmos mais ouvidos na cidade também têm essa característica: forró, sertanejo e gospel. A exceção é o reggae, que tem menos apelo em outras capitais, mas que em São Luís é muito forte“, pontua João Leiva.